A comparticipação comunitária de 60 milhões de euros para o Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM), incluindo trabalhos que decorrem desde o outono no Ramal da Lousã, foi aprovada pela Comissão Europeia, no dia 15, cinco anos após ter sido anunciada pelo anterior Governo de António Costa.
“A esta aprovação corresponde a atribuição de um apoio do Fundo de Coesão no valor de 60 milhões de euros e um investimento elegível total no montante de mais de 89 milhões de euros”, segundo o gabinete do ministro da tutela, Pedro Nuno Santos, que esteve em Serpins, em setembro, para o lançamento das primeiras obras no canal da antiga ferrovia.
Em comunicado, o Ministério das Infraestruturas e da Habitação afirma que o SMM “consiste na implementação de um “metrobus”, utilizando veículos elétricos a baterias que irão operar no antigo ramal ferroviário da Lousã e na área urbana de Coimbra”, ligando esta cidade aos municípios de Lousã e Miranda do Corvo.
O SMM, com autocarros elétricos do tipo “metrobus”, deverá constituir-se “como o futuro sistema de mobilidade da região, com elevados níveis de segurança, rapidez e conforto”, assegura o Governo, uma visão otimista que nos últimos anos foi questionada pelos movimentos de defesa do Ramal da Lousã e por alguns especialistas em transporte ferroviário e forças políticas.
Das quatro empreitadas do projeto, está em curso uma, no troço de Serpins ao Alto de São João, em Coimbra, e decorre o concurso da empreitada para o segmento do antigo canal ferroviário entre aquele local e a Portagem. “Os concursos das empreitadas dos restantes troços (Portagem – Coimbra B e Linha do Hospital) serão lançados durante 2021”, de acordo com a referida nota.
O Ramal da Lousã, onde o comboio começou a circular em 1906, foi encerrado há 11 anos, para acolher um sistema de metro ligeiro prometido por sucessivos governos, desde 1993, mas que nunca chegou a sair do papel. O desmantelamento da linha centenária começou em finais de 2009, por iniciativa do último Governo de José Sócrates, e as obras pararam algum tempo depois devido a problemas financeiros, continuando os utentes a ser transportados, até agora, em autocarros.
Segundo diferentes estimativas, o Estado já gastou mais de 150 milhões de euros em diversas intervenções no Ramal da Lousã, incluindo demolições em Coimbra e obras no canal, pontes, túneis e estações, além da realização de cerca de 100 estudos e projetos para um metro sobre carris, solução abandonada pelo atual Governo, bem como o funcionamento da empresa Metro Mondego, criada em 1996 e pela qual passaram várias administrações ao longo de uma dezena de governos.
C.S.