Por esta altura, mais palmo, menos palmo, completa 30 anos uma velha ideia, ligeira e louca, de transporte moderno entre Coimbra B e Serpins que já teve diferentes nomes, mentores e mentiras associados.
Desde 1993, a maioria dos protagonistas da interminável aventura da nova mobilidade ficaram pelo caminho.
O triste caminho da caravana que passa enquanto a canzoada, cheia de razão, ladra e saliva a cada solavanco.
Este não é o alegre e útil caminho-de-ferro, o Ramal da Lousã que uniu concelhos mais de 100 anos, de 1906 a 2009.
Há para aí uns 30, chegaram à gare ideias peregrinas com ligeiro metro de carris à ilharga, coisa nunca vista, para acabar de vez com o fumo dos comboios na Baixa de Coimbra.
Mentira, pois o ‘cavalo de ferro’, pelo menos durante o dia, há muito, desde a década de 1970, que tinha deixado de ligar Coimbra A a Coimbra Parque!
No mês passado, ante a informação de que a entrega do primeiro autocarro elétrico, do tipo ‘metrobus’, foi adiada para fevereiro de 2024, logo a minha memória rodoferroviária me transportou a 1993 e depois a 2004.
Há 30 anos, quase metade da idade que tenho agora, era eu diretor do Trevim, publiquei na primeira página, em 4 de março de 1993, um editorial intitulado “Palavras ao sabor do vento”, adjacente à manchete: “Miranda e Lousã insistem na ligação à Linha do Norte – Túnel para unir os concelhos divide responsáveis políticos”.
Também na capa, surge o então governador de Coimbra Luís Pedroso de Lima, do PSD, que naqueles dias tinha realizado um ‘Governo Civil Aberto’ na Lousã.
Na foto, o engenheiro poiarense, que viria a deixar a atividade política, está ladeado por José Ernesto Carvalhinho, que liderava a ARCIL, e Horácio Antunes, do PS, na altura presidente da Câmara da Lousã, funções hoje desempenhadas pelo filho, Luís Antunes.
Horácio, na imagem já com barba grisalha, assumiria o lugar de governador civil seis anos depois, em 1999.
E nessa qualidade, recorde-se, anunciou que o metro, comboio elétrico mais ligeirinho, iria circular a tempo do Euro 2004, o Campeonato Europeu de Futebol que nesse ano animou Portugal, incluindo o estádio de Coimbra, mesmo ao lado do apeadeiro de São José!
O antigo autarca da Lousã, presidente da Associação de Futebol de Coimbra (AFC), foi eleito pela primeira vez há 26 anos para este cargo, em 1997.
Desde 2004, nem metro, nem centímetro. Passaram quase 20 anos!
Agora, a novidade é o moderníssimo ‘metrobus’, que demorará muito mais tempo que o velho comboio a ligar Serpins a Coimbra.
Ainda sem metro a girar, Horácio Antunes, de 78 anos, recandidata-se à liderança da AFC, em cujas eleições, a 27 de dezembro, terá como opositor Jorge Catarino, antigo presidente social-democrata da Câmara de Cantanhede.
Vem o metro ou não vem o metro?