Companhia Marimbondo recorda o sucesso do primeiro ano, ainda sem marcas da pandemia, e anuncia projetos que espera concretizar em breve
O Momo-Museu do Circo, instalado na antiga escola primária de Foz de Arouce assinala, este domingo, dia 28, dois anos de atividade. Embora o primeiro tenha sido um sucesso, o seguinte pautou-se por restrições devido à pandemia de Covid-19.
Em 2020, duas semanas depois do 1.º aniversário, comemorado com um cabaret circense na presença de largas dezenas de pessoas, o país entrou em confinamento. Detlef Schaft e Eva Cabral, da Companhia Marimbondo, viram os seus planos ficarem na gaveta.
O ano era de festa, pelo aniversário do Momo mas também pelos 30 anos dos Marimbondo e os 10 do Festival Marionetas ao Centro, celebrações que acabaram por não acontecer. Três meses volvidos, e aliviadas as restrições impostas devido à pandemia, foi possível repor alguma da programação mas nada se compara ao primeiro ano.
“Quando começámos, a grande dúvida em relação ao Momo era como vamos conseguir que os lousanenses venham para Foz de Arouce?”, conta Detlef. “Mas conseguimos, tivemos aqui 2 mil pessoas durante o ano. É muita gente para a Lousã”. Vieram pessoas de Paris para visitar “que ficaram de boca aberta. Não estavam à espera de uma coisa destas no meio da aldeia”. O público “reagiu muito bem”.
O Momo, o primeiro do seu género em Portugal, acolhe uma vasta coleção, adquirida pela companhia ao longo dos anos, embora, haja alguns artigos doados por amigos e admiradores. Selos, posters, instrumentos musicais, pequenos artigos colecionáveis, vestuário, quadros, fotografias e tantas outras peças que contam a história das artes circenses, a nível nacional mas também a nível internacional. Durante o período “em que conseguimos trabalhar tínhamos à volta de 70 pessoas nos espetáculos” contou Eva. “No dia da inauguração deixei de contar, aliás, estava tanta gente que eu disse, abre tudo e deixa circular”. Com um cenário atual bastante diferente, os Marimbondo pedem que “seja resolvido o problema de saúde pública que estamos a viver” e que os “deixem trabalhar”.
“Só estamos a fingir que estamos preocupados com a saúde pública, temos andado a desinvestir ano após ano e, portanto, a coisa já não era brilhante e agora caiu-nos uma epidemia em cima, não pode funcionar”, salienta Eva, acrescentando que, “os restantes problemas começam a ser ultrapassados quando este se resolver”.
Embora “as novas tecnologias tenham coisas fantásticas, e que devem ser usadas, há uma coisa que se chama artes performativas, e isso implica que eu performe ao vivo e que esteja pelo menos uma pessoa do outro lado a assistir”, conclui.
Um site, um livro e uma série de espetáculos
A companhia está a preparar um site de apresentação do Momo, para disponibilizar na internet pela data deste aniversário. Ali será possível consultar vídeos e fotografias mas também todo o catálogo da biblioteca do museu, que hoje soma mais de 200 obras.
Sobre se o site será interativo, Eva Cabral esclarece logo à partida que não.
“O Momo é que é verdadeiramente interativo, não dá para carregar em botões, mas existem dois profissionais da área a fazer a visita guiada e a responder a qualquer pergunta”. No museu “mostramos o que é uma massa, ensinamos a fazer malabarismo, fazemos truques de magia, entre muitas outras coisas, e isso é a interatividade da mais pura”, acrescenta Detlef.
Fruto da candidatura a um projeto do Ministério da Cultura, o conto infantil “Anton, o Rato do Circo”, escrito por por Detlef há 15 anos, e entretanto adaptado para o palco por Eva, vai transformar-se finalmente em livro, em português e inglês, e com ilustrações de Thomas Metzger, que será impresso na Tipografia Lousanense. Se a evolução da pandemia assim permitir, a ideia é apresentar a obra e fazer vários espetáculos no Agrupamento de Escolas da Lousã, durante a Semana da Leitura, que costuma decorrer em abril.
Também neste mês se prevê voltar ao projeto, apoiado pelo Ministério da Cultura, “Sonhando na Eira – Teatro e Circo na Aldeia”, uma série de espetáculos em pequeno formato “para se fazer nos lugares e aldeias”. A iniciativa, da Companhia Marimbondo e da Companhia de Teatro Experimental de Poiares, em parceria com os municípios da Lousã e de Vila Nova de Poiares, era para ter acontecido no ano passado, mas foi também adiada.
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