Luísa Pinto Ângelo, diretora do Trevim
No dia 1 de outubro de 1967, no auge da guerra colonial e perante o peso da ditadura, sete jovens visionários e corajosos deram vida ao Trevim.
Numa altura em que o país enfrentava o controlo férreo da censura e as dificuldades trazidas pela guerra, este grupo de jovens na Lousã ousou criar um jornal independente, com o objetivo de dar voz à sua comunidade e desafiar os limites impostos pelo regime. Hoje, 57 anos depois, celebramos o legado desses fundadores e a resiliência de um projeto que continua a ser uma referência de proximidade e rigor na informação.
Nas suas primeiras edições, o Trevim teve de lidar com a dura realidade de um país em guerra e o ónus da ditadura. Os tempos eram de incerteza, e a censura limitava severamente a liberdade de imprensa. No entanto, o jornal conseguiu destacar-se pela sua coragem, abordando temas de relevância local e nacional, num esforço constante para ultrapassar as barreiras impostas pelo regime.
Quando, em 1974, a Revolução dos Cravos trouxe a liberdade de expressão, o Trevim já era uma voz ativa e crítica, pronto para abraçar as novas oportunidades e desafios que o democratismo viria a trazer.
Com a chegada da democracia, novos reptos surgiram, e o Trevim teve de se adaptar a uma sociedade em transformação. Hoje, continuamos a enfrentar um cenário exigente. A transição do papel para o digital é uma das mudanças mais significativas, exigindo inovação e flexibilidade. O jornalismo tradicional confronta-se diariamente com a rápida expansão das redes sociais, onde a informação circula à velocidade da luz, mas nem sempre com a qualidade e rigor que se exige. O Trevim mantém-se fiel à sua missão, oferecendo uma alternativa de proximidade e verdade, num mundo onde as “fake news” e a superficialidade podem muitas vezes ganhar espaço.
Uma das lutas que continua a marcar a nossa realidade é a falta de participação ativa por parte de alguns setores da comunidade. Desde o início, o Trevim foi um jornal de proximidade, feito pela e para a comunidade. Ao longo dos anos, fomos e continuamos a ser uma plataforma para que associações, instituições e cidadãos possam ser ouvidos, divulgando as suas iniciativas e promovendo o debate de ideias. No entanto, apelamos a uma maior participação, reforçando que este jornal é, acima de tudo, um espaço de diálogo e construção coletiva.
Nestes 57 anos, o Trevim manteve-se fiel aos seus valores fundadores: a verdade, a proximidade e o serviço à comunidade. Criado por sete jovens num tempo de guerra e opressão, hoje é um símbolo de resistência e adaptação, sempre atento às necessidades dos leitores e da nossa região. O futuro reserva novos desafios, mas o Trevim continua a olhar em frente, confiante na sua missão e no apoio incondicional dos que nos acompanham desde o primeiro dia.
Agradecemos profundamente a todos os que fizeram e continuam a fazer parte desta história. Com a vossa participação, continuaremos a ser um pilar de informação, verdade e comunidade.
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