A Academia com Vida – Lousã, adstrita à Academia de Música de Coimbra e dirigida pelo compositor lousanense João Francisco, atua este sábado, 13 de julho, no 28º Encontro dos Povos da Serra da Lousã.
O Encontro, no Santo António da Neve, inclui às 10:30 uma homenagem aos presos políticos de 1949, assinalando os 75 anos dos acontecimentos e os 50 do 25 de Abril, na qual intervém José Ricardo de Almeida, da Lousã, a que se seguem testemunhos de amigos, familiares e conterrâneos das vítimas, como Ana Kalidás, Palmira Olivença e Jorge David, entre outros, da Castanheira de Pera.
A dinamização do momento cívico cabe ao jornalista Casimiro Simões, presidente da direção da Cooperativa Trevim, que está na organização da iniciativa desde a primeira hora, em 1997.
A evocação do médico antifascista Louzã Henriques (1933-2019), nascido há 90 anos no Coentral, está a cargo da poetisa Filomena Martins, da Lousã, presidente da assembleia geral da Associação São Lourenço, com sede na Silveira de Baixo, uma das entidades que promovem as diferentes realizações do nascer ao pôr do sol.
Em 1949, no rescaldo da II Guerra Mundial, a PIDE prendeu cerca de 15 cidadãos da área da Serra da Lousã, aos quais Kalidás Barreto dedicou o livro “Presos políticos de Castanheira de Pera”, em 2009.
A maioria destes homens eram operários têxteis desse concelho, presos pela polícia política de Salazar por maior ou menor envolvimento na oposição ao regime fascista.
Mas três eram da Lousã e haveria ainda, pelo menos, um da Pampilhosa da Serra e um de Tentúgal, Montemor-o-Velho.
O lousanense Fernando Rosa Neto foi punido com a pena mais pesada, 20 meses de prisão correcional, enquanto os seus conterrâneos José Rodrigues e Jorge dos Santos Babo foram absolvidos.
A segunda pena mais severa, 18 meses de prisão correcional, foi aplicada ao tecelão castanheirense Inácio Alves Lameiras, conhecido pela alcunha Carioca.
Os acontecimentos remontam ao tempo em que o responsável do PCP na região era o revolucionário Agostinho Saboga, que participara no IV Congresso deste partido, realizado clandestinamente na Lousã, em 1946.
Celebrar a liberdade, a boa vizinhança, a paz e a Serra da Lousã enquanto elemento essencial da identidade multimunicipal são alguns dos objetivos deste Encontro, que abrange ainda jogos tradicionais, exposição de livros, concertinas, baile à moda antiga e cantares ao desafio.
Desta vez, o Encontro dos Povos da Serra é organizado pelos jornais Trevim e Mirante, Lousitânea, Arte-Via, Associação São Lourenço, Liga de Amigos do Museu Louzã Henriques, Villa Isaura e Grémio União Perense, com colaborações da Câmara e dos Bombeiros da Castanheira, GNR e Junta de Freguesia de Castanheira de Pera e Coentral.
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