Em mais uma missão de voluntariado em São Tomé e Príncipe (STP), a sexta desde 2019, vivenciei a última passagem de ano em África. Antes, ainda em 2023, após termos construído uma rampa para o Jimilson, de 37 anos, poder sair de casa na velha cadeira de rodas, ficou a promessa de lhe darmos uma nova.
A 31 de dezembro, entregámos a tão desejada cadeira, doada pela Misericórdia de Alenquer, a este são-tomense de Porto Alegre que faz bonitas peças de artesanato. O Jimilson agradece, nós também. A antiga colónia insular onde se fala português é um arquipélago a 350 quilómetros da costa ocidental de África, tem belas praias e florestas tropicais. Trata-se de uma república composta por seis distritos e pela Região Autónoma do Príncipe.
Na primeira vez, com família e amigos, a nada ficámos indiferentes: cultura, tradições, cheiros, natureza e praias de água quente. A terra, o mar e a vegetação são suficientes para alimentar de forma sustentável uma população de 225 mil habitantes. Mas é chocante a inoperância do Estado relativamente aos acessos.
Demoramos quatro horas para fazer 45 quilómetros até ao alojamento, num Sul esquecido a todos os níveis. Tive conhecimento que os são-tomenses estão agora a imigrar em grande escala para Portugal, em busca de uma vida melhor. Os vistos são atualmente obtidos com mais facilidade, explicou-me uma fonte fidedigna.
Não tendo ficado indiferente àquela terra e suas gentes, em 2021 procurei uma associação de voluntariado que me levasse a STP. Era um sonho e um desejo mais forte do que eu. Encontrei a Amwêlê, que significa amor em crioulo, que me tem permitido fazer voluntariado no distrito de Caué, no Sul, sobretudo no Ilhéu das Rolas, cuja pequena comunidade vive com dificuldades extremas.
Cada missão tem o seu tema, importando sobretudo levar material escolar, roupa, medicamentos (em especial para a sarna, as lombrigas e a tinha), ‘kits’ médicos, ‘kits’ dentários (doados pela Louzan Smile), chinelos, croques, livros de histórias e brinquedos.
Na sua maioria, os donativos são de pessoas que querem participar logo que divulgamos a data das missões. Na Lousã, a adesão tem sido total e chegamos a encher quatro volumes de 30 quilos cada, dado que a STP Airways permite a cada pessoa viajar com duas malas de porão.
Luísa Pinto Ângelo
0 Comentários