Celebração virtual do aniversário da instituição permitiu recordar histórias e amigos e perspetivar o futuro
Resiliência, alegria, trabalho, união e futuro foram os motes do 42.º aniversário da Cooperativa Trevim, no dia 3, celebrado por videoconferência, numa iniciativa da mesa da assembleia geral que reuniu 25 amigos e cooperadores. A Trevim – Cooperativa Editora e de Promoção Cultural foi criada no terceiro dia de março, em 1979, para dinamizar a cultura na Lousã e assegurar a continuidade do jornal Trevim, fundado em 1967.
Não tendo sido possível, devido à pandemia, assinalar a efeméride em convívio presencial, o momento teve idêntico valor, com partilha e memória das sucessivas gerações que integraram a construção e continuação deste projeto. “Foi a passagem do sonho do amigo Pedro Malta para o coletivo, para uma elite do povo lousanense, um grupo de pessoas de boa vontade”, disse o advogado Alcides Martins, presidente do conselho fiscal.
Há 42 anos, a Cooperativa Trevim foi constituída por Pedro Júlio Malta, João Silva, José dos Santos Casimiro, José Joaquim Simões, José Ricardo de Almeida, Paulino Mota Tavares, Carlos Eugénio de Almeida, José Orlando Reis, António de Almeida Rodrigues, José Luís Caetano Duarte e António das Neves Ribeiro.
Fortunato de Almeida, um dos fundadores do Trevim, contou agora que, há 53 anos, “ao fim de quatro ou cinco edições do jornal”, então imprimido na Gráfica da Lousã, o dono desta, Joaquim Duarte, lhe disse: “isto é tudo muito bonito, mas tem que começar a entrar dinheiro”. “A verdade é que começou a entrar, proveniente essencialmente dos nossos emigrantes, muito solidários e prestáveis nessa altura”, disse aquele membro dos órgãos sociais da Cooperativa.
Na cooperação o segredo da longevidade
Em 1978, começou a angariação de sócios com um convite a leitores e colaboradores do jornal que apoiaram, desde a primeira hora, o nascimento da Cooperativa. “O amor pode projetar as coisas a níveis incomensuráveis. O Trevim e a Cooperativa são casos de amor à Lousã”, sublinhou Fortunato de Almeida.
Através do quinzenário, a Cooperativa “tem tido um papel notável no desenvolvimento da Lousã, (…) no plano social e económico”, realçou ainda Alcides Martins. Para José Orlando Reis, que esteve na fundação da Cooperativa, esta foi “a decisão mais acertada, sem a qual o jornal não teria sobrevivido”.
A longevidade do Trevim e da entidade sua proprietária “provam a vitalidade lousanense e a capacidade que muitas gerações, ao longo dos anos, tiveram de levar estas duas entidades tão longe”, afirmou Paulo Peralta, presidente da direção da Cooperativa. “Deve-se perspetivar o futuro”, para tornar os dois “mais fortes e para que possamos contribuir (…) para a elevação cultural da nossa terra e das que nos estão próximas”, acrescentou.
O vice-presidente da mesa da assembleia geral, Casimiro Simões, em substituição do presidente João Poiares da Silva, ausente por motivos de saúde, salientou a importância de celebrar a criação da Cooperativa. “A instituição a que temos orgulho de dar corpo”, frisou, numa intervenção emocionada em que destacou especialmente João Silva e recordou as “longas noites” no fecho de cada edição, durante décadas, quando este cofundador do jornal visitava a redação, altas horas, num gesto solidário que vivia com alegria.
Obreiros e amigos
Ao longo de 42 anos, foram muitos os que participaram neste percurso. Casimiro Simões e Orlando Reis recordaram Manuel Vaz, correspondente do Trevim na zona das Gândaras, e outros companheiros de longa data, vários deles já falecidos. É o caso de membros dos órgãos sociais, como Albano Barreto, de Serpins, António Rodrigues e Palmira Sales, muito ativa na Feira do Livro e noutras realizações culturais. E também os amigos João Rodrigues, professor da Escola de Música e maestro do Grupo Coral, Carlos de Almeida, autor das crónicas “Postais do Zé Serrano”, o médico Louzã Henriques, o músico José Adelino Sales e José Casimiro, correspondente em Vilarinho.
Foram ainda lembrados outros colaboradores dedicados, como Rui Soares, correspondente nas Levegadas e redator do desporto, o tocador de concertina Aires Joaquim e a mulher, a cantadeira Júlia Simões, os colaboradores do jornal António José e José Sequeira, além de outros dirigentes já falecidos: João Carlos Antunes, que dedicou décadas à administração do jornal, Joaquim Gil Ferreira e Bernardino Nunes, estes com atividade na cuidada revisão de textos e publicidade do jornal.
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