Não teria sido apenas no futebol, que este “gigante” lousanense (na estatura e no nome) se destacou no nosso meio. Recordamos (porra para as emoções) a pelota nos seus pés e na sua cabeça, mas também o acordeão, nas suas habilidosas mãos. Destro em ambas as culturas, já que desfrutava de um apuradíssimo ouvido musical. Não apenas ao lado de Zéman, Kéco, Nini e tantos outros do ensaibrado retângulo da Sarnadinha, como também, no proscénio musical dos palcos lousanenses. Ao lado de outros bons músicos, que não vamos aqui citar, fez parte do Lousã-Jazz, uma orquestra lousanense dos anos 50 e 60, que, embora de reduzida exportação, foi grupo de grande prestígio no nosso meio.
Alcino Luís Pinto de Almeida (de seu nome completo) ombreou, portanto, com a maior parte da proeminência lousanense. Teve igualmente algum destaque na área industrial, já que era filho de Abílio Gato, lousanense com serração de madeiras, na Avª Coelho da Gama, cuja estância desse produto, rodeava a velhinha Pensão Avenida, assumida por volta de 1948 (?) pelo senhor António Lucas, que ainda chegou a explorar o Café Avis, nesses tempos remotos da Lousã. No sentido norte da mesma avenida, recordamos saudosamente uma das Sedes do Desportivo, seu clube de eleição, que com outros conterrâneos (destaque para Osvaldo Rosa, sócio nº 1) ajudou a fundar no ano de 1945.
Sabemos que nestas intercessões, por muito que se escreva sobre homens desta valia, fica sempre algo por referir, até porque, privou nestes azos culturais com dezenas de outras figuras, que esta lacuna, por razões de textura, não pode acolher.
Concluímos, fazendo alusão a uma passagem no campo da Sarnadinha (nós estávamos lá) em que o Alcino recebe com a cabeça uma bola distante e cai abrupto no areado, ficando ali estatelado um tempo indefinível, sem dizer chus nem bus. Recordamos que as bolas nesse tempo (anos 50) iam muito para além do peso de sua gravidade, especialmente quando molhadas. Não partiu fisicamente nesse dia, presenteando-nos ainda algumas décadas, com a sua habilidade de movimentos, no chutar e teclar…
Faleceu no Porto, onde vivia com a esposa e três filhas, em setembro de 2017.
Carlos Ramalheiro
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