Num ano em que os eventos culturais se viram cancelados e adiados, a Companhia Marimbondo oferece aos lousanenses espetáculos “longe dos ecrãs”
O ano de 2020 ficará marcado na história do país e do mundo pela pandemia de Covid-19, que, entre outras consequências, prejudicou praticamente todos os setores de atividade, incluindo o da cultura.
A Companhia Marimbondo (CM), que este ano celebra também 30 anos de existência, não baixou os braços e, cumprindo as normas e regras de distanciamento e higienização, levou avante a 10.ª edição do festival Marionetas ao Centro, com o apoio da Câmara Municipal da Lousã (CML), entre 24 de outubro e 1 de novembro.
Com cinco dias de espetáculos e lotação esgotada em todos, a edição deste ano, que teve como palco a nova tenda da Status – Escola Profissional da Lousã, revelou-se um sucesso.
Para segurança da organização e público, foi estabelecido o limite de 60 pessoas por sessão e todos os espectadores passaram por uma “linha de desinfeção” à entrada do recinto, medidas aprovadas pela delegada de saúde local.
O programa iniciou com as peças “Fios Mágicos”, protagonizada pelo grupo “Marionetas Rui Sousa”, de Santa Maria da Feira e as “Pequenas Fábulas de la Fontaine”, da “Lua Cheia Teatro para Todos”, que vindos de Lisboa, fizeram as maravilhas dos mais pequenos.
A “Bolha Teatro com Marionetas”, de Torres Vedras, apresentou uma peça para um público mais adulto “Com 3 Novelos”, escrita por Henriqueta Oliveira, vereadora da CML com o pelouro da Cultura. A atriz Adriana Melo e o bailarino e marionetista brasileiro Magnum Soares deram vida ao espetáculo “A Caravela Desconhecida”, e a “Companhia Boca de Cão”, de Arcozelo, fechou o cartaz com o espetáculo “Alforria”, destinado a espetadores de todas as idades.
Eva Cabral, elemento da organização e da CM, contou ao Trevim que a audiência lousanense que se desloca mensalmente ao MOMO – Museu do Circo, em Foz de Arouce, para assistir às atuações que a companhia vai dinamizando, “já está habituada a esta nova forma de ver espetáculos”.
Na sua opinião, há neste momento, “uma grande sede de cultura”. As pessoas, considerou, “estão fartas de estar com a vida em suspenso, de estar sempre agarradas a computadores e telemóveis e acabam por ficar muito entusiasmadas quando têm a oportunidade de sair para participar em eventos como as Marionetas ao Centro”. Eventos como este acabam por ser “uma lufada de ar fresco na vida das pessoas”.
Desmentiu ainda que eventos desta dimensão possam constituir um risco no que respeita à eventual transmissão da Covid-19. “Há muita gente que diz que estes festivais não se podem fazer mas o que não se pode fazer, por exemplo, é algo como o ‘Super Bock, Super Rock’”, explicou, assegurando que “estes espetáculos mais pequenos e nestes moldes, onde se garante o distanciamento e higienização, não têm problema nenhum”.
Ao Trevim, Henriqueta Oliveira deu nota de que “este tipo de eventos inscreve-se na aposta contínua da CML na área da cultura e das artes, na convicção de que são essenciais, não como fuga à realidade, mas como fator de resiliência e libertação das pessoas e comunidades”.
Desfile de marionetas adiado
Ao Trevim, Eva Cabral, explicou que, inicialmente, nos festejos da 10.ª edição das Marionetas ao Centro, estava previsto “um enfoque muito grande nas escolas e na construção de marionetas gigantes com os alunos”, com o objetivo de, no início do festival, “saírem à rua em desfile”, um ideia que ainda assim “não está perdida nem esquecida”, confessou.
Embora os planos não tenham decorrido como o previsto, Eva Cabral considera que o público “ficou a ganhar” uma vez que, nestes moldes, “podem assistir a mais espetáculos”.
A título de desabafo contou também que, neste momento, cada vez que é “chamada para ir trabalhar a algum sítio”, fica “muito grata”, uma vez que “há alguns municípios que simplesmente pararam e cancelaram toda a programação cultural até maio de 2021”.
Este festival, informou Henriqueta Oliveira, faz parte “de um conjunto de atividades que são uma ‘imagem de marca’ da Lousã, ligadas às artes performativas, que tem feito chegar, anualmente, o teatro de marionetas aos quer aos jardins de infância e escolas de 1.º ciclo da Lousã quer à comunidade em geral, contribuindo para a educação integral das crianças, para o desenvolvimento de públicos e para a fruição cultural”.
Embora tenha visto muitos dos seus planos alterados pela pandemia, a Companhia Marimbondo promete novidades para o futuro porque “uma festa é sempre bem-vinda, seja em que altura for”.
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