Coleção de Louzã Henriques de novo em exposição permanente no edifício da Rua João Luso
Terra, transformação e significado foram os conceitos norteadores da nova narrativa que dá corpo à coleção Louzã Henriques, em exposição permanente no recém-requalificado Museu Etnográfico da Lousã, espaço que voltou a abrir portas no domingo, dia 6.
A apresentação pública do projeto de remusealização e do novo circuito expositivo decorreu no dia em que Manuel Louzã Henriques celebraria 87 anos, numa cerimónia limitada, pautada pelos constrangimentos que decorrem da atual situação de pandemia.
Com assinatura da Providência Design, empresa portuense detentora de vários prémios na área da museografia, o projeto terá tido como principais eixos de desenvolvimento a “acessibilidade e inclusividade”, quer ao nível do espaço como da própria exposição. “Quisemos atribuir ao Museu Etnográfico Louzã Henriques uma museografia tão adequada quanto estimulante, para que pudesse completar a sua vocação conservadora e patrimonial”, referiu Francisco Providência na sua intervenção ao público. “Só assim se poderá recuperar o tesouro que Louzã Henriques queria salvar do esquecimento – o testemunho da vida, o testemunho da sobrevivência humana com quase nada, o testemunho da genialidade do design popular”, acrescentou.
Ainda na esfera da referida modernização, o projeto conta com uma robusta componente multimédia, acrescentando ao acervo do museu um conjunto de peças interativas – físicas e virtuais. Elementos pensados “como algo que pretende materializar o imaginário e não como algo impositivo”, frisou Alexandra Beleza Moreira, responsável pelos conteúdos de museologia e coordenação.
“Grande colecionador e homem da cultura”
Durante a abertura da sessão, Luís Antunes, presidente da Câmara Municipal da Lousã, frisou que a valorização da coleção deste equipamento “devem ser entendidas, em primeiro lugar, como uma homenagem ao seu patrono, mas, igualmente, como um contributo relevante para o reforço da nossa identidade concelhia”. Com referência aos recentes investimentos em equipamentos culturais no concelho, o edil assumiu ainda um “compromisso de continuar a valorizar o papel essencial da cultura – e das artes – na construção de comunidades mais saudáveis e atrativas”. Ainda neste ponto, recorde-se que a modernização deste museu resultou de uma candidatura ao Programa Valorizar – Linha de Apoio ao Turismo Acessível, promovido pelo Turismo de Portugal e representou um investimento público de cerca de 150 mil euros.
Também Suzana Meneses, diretora regional de Cultura do Centro fez referência ao que considera como “investimento sólido e contínuo na cultura e nas instituições de memória” por parte do Município da Lousã. Aproveitou ainda a oportunidade para recordar Louzã Henriques como a quem a Lousã “deve o extraordinário acervo que hoje compõe uma parte substantiva deste museu e que, mais do que isso, materializa e viabiliza uma significativa parte da história da Lousã e da história do saber fazer e saber ser das suas gentes.
Craft + design + identidade
A visita inaugural, guiada pelo designer Francisco Paciência e Patrícia Lima, responsável pela direção etnográfica do projeto, pontuada por momentos musicais a cargo do grupo conimbricense “Segue-me à Capela”, antecedeu a abertura da exposição temporária “Agricultura Lusitana”.
A mostra promovida pela ADXTUR – Agência para o Desenvolvimento Turístico das Aldeias do Xisto com orientação criativa de João Nunes reúne peças de artesanato contemporâneo que “representam o saber fazer, a identidade cultural e novos caminhos de transformação dos lugares e de ligação à terra”.
Tatiana Amaral Ribeiro
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