José Augusto Dias Fernandes, de 55 anos, chefe dos Bombeiros Voluntários de Miranda do Corvo, morreu enquanto combatia um incêndio que deflagrou junto à estrada de acesso ao baloiço no Alto do Trevim, na Serra da Lousã, na sequência de um episódio de trovoada seca que se fez sentir ao final da tarde de sábado, dia 11.
O chefe somava 39 anos de experiência nos soldados da paz.
Dois bombeiros da corporação da Lousã registaram ferimentos por inalação de fumo e um de Miranda do Corvo apresentou queimaduras nos membros inferiores, sendo encaminhados para o Centro Hospitalar da Universidade de Coimbra e recebido alta no domingo, dia 12, ainda no período da manhã.
Ao que este quinzenário apurou, o vento forte com mudanças bruscas de direção dificultou o trabalho dos bombeiros, de diversas corporações dos distritos de Coimbra e Leiria, que estiveram no terreno no combate às chamas. Um meio aéreo ainda fez descargas nas não teve condições de atuar”, tendo ainda efetuado descargas na cabeça do fogo com a equipa de Miranda do Corvo, a entrar pelo flanco esquerdo.
Alegadamente, o grupo liderado por José Augusto Dias terá sido cercado pelo fogo, tendo pelo menos dois dos elementos fugido por uma encosta.
A equipa terá começado a pedir socorro pelas 19:19, com comunicações “pouco perceptíveis, mas em que se entendia o desespero”. Citando um oficial dos Bombeiros da Lousã, o jornal “Expresso” deu conta de que houve um desfasamento “entre a guarnição da equipa que devia ter cinco homens e só tinha quatro”. Ao que o Trevim sabe, o grupo terá esperado cerca de 20 minutos por auxílio.
Embora a suspeita da causa da morte de José Augusto, a primeira registada em operações de combate a incêndios este ano, seja por inalação de fumo, ainda não há dados que confirmem esta informação. O funeral do chefe dos bombeiros realizou-se na terça-feira, dia 14 de julho, e contou com honras de Estado. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa marcou presença nas cerimónias fúnebres, bem como o Ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita. O município de Miranda do Corvo decretou três dias de luto municipal em memória e reconhecimento de José Augusto Dias que, para além de bombeiro, era também funcionário da Câmara Municipal.
O Ministério da Administração Interna determinou a instauração de um inquérito às circunstâncias em que ocorreu a morte.
O fogo, que foi combatido por mais de 250 operacionais e 70 veículos, terá começado por volta das 18:30 e foi extinto cerca das 21:00.
Este quinzenário tentou contactar por diversas vezes o Comandante dos Bombeiros Municipais da Lousã, não obtendo qualquer resposta até ao fecho desta edição.
0 Comentários