As minhas principais memórias do S. João remontam aos anos 50 quando esta festa popular se organizava ao longo da Avenida do Brasil, que ia do largo do Cineteatro à bifurcação das ruas do hospital.
Nesse local, instalou-se uma pista de automóveis que logo no primeiro dia foi a verdadeira “coqueluche” dos lousanenses. Nunca tinha estado nenhuma na Lousã e aquela estrutura tornou-se uma verdadeira loucura coletiva. Recordo, ainda miúdo, o assalto aos carrinhos de choque, com os ocupantes a não quererem deixá-los ao ponto de mesmo sentados neles pedirem dinheiro emprestado e até, pasme-se a negociarem alguns haveres como relógios e bicicletas. Era o assunto mais falado nos dias seguintes na Lousã. O dono dos carros elétricos, esse deve ter feito uma boa maquia, pois nessas primeiras noites houve voltas que duravam pouco mais de um minuto.
Recordo-me igualmente das barracas de artigos em barro, como estatuetas, canecas, caçoilas, assadeiras, etc. e que se espalhavam ao longo da avenida, Havia igualmente umas quantas tendas com roupas. Nada de t-shirts, que ainda não existiam, mas tudo à base de camisas, fatos, samarras e chapéus de feltro ainda muito usuais naquele tempo.
Mas aquela que predominava era, sem dúvida, uma colocada onde agora se situa a residência paroquial, no começo da rua da Paz. Era uma tenda vinda do Porto, diferente de todas as outras, muito à semelhança das atuais, e que vendia tudo o que era quinquilharia, pás, enxadas, e todo o material para oficinas de serralharia, carpintaria, além das famosas navalhas, facas, etc. A minha lembrança leva-me à admiração na altura por essa tenda tal a quantidade de luz que dela emanava. Luz florescente, que estava a dar os primeiros passos nas mais diversas aplicações.
José Oliveira Redondo, cofundador do Trevim.
0 Comentários