A 16 de dezembro de 1906, há 112 anos atrás, o comboio chegou à Lousã. Pouco mais de um século depois, a festa realizou-se novamente, mas agora para retirar os carris em nome do que nos tinha sido vendido como “o futuro”, personificado num nome pomposo, Metro Mondego. O ramal da Lousã seria assim desmembrado ao sabor de promessas que, mais tarde, se saldaram numa mão cheia de nada. A culpa, essa, morreu solteira.
A par daquela que é apresentada como “a solução possível” para o futuro do ramal, há um autismo em relação à reposição e eletrificação da ferrovia. Há poucos dias, foi anunciada a confirmação, “plena e formal”, de que já há dinheiro para a primeira fase do projeto do Metro Bus/Sistema de Mobilidade do Mondego.
Mesmo perante um empreendimento apelidado de “projeto bandeira” na reprogramação dos Fundos Europeus Portugal 2020, será legítimo que muitos cidadãos perguntem a si mesmos se esta solução tem pernas para andar ou se vai, de facto, ao encontro dos interesses dos contribuintes. Pior, mas pertinente, é a hipótese de o que está, de momento, prometido, poder desvirtuar-se noutro tipo de projeto intermunicipal, defraudando, uma vez mais, as expetativas de quem já pouco acredita num serviço de mobilidade eficiente entre os concelhos da Lousã e Coimbra.
E a nossa classe política dirigente, local ou nacional, no meio deste desnorte, com tantas certezas infundadas, tem alguma autoridade moral para assegurar seja o que for às populações?
O Ramal está moribundo, votado ao abandono daquilo que deveria ser a sua função. É urgente que haja visão, responsabilidade e seriedade para que não passe de vez à História.
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