Uma evocação do poeta António Vítor, autor da letra da cantiga ao Santo António da Neve, é outra novidade do 22º Encontro dos Povos da Serra da Lousã, que decorre este sábado, dia 14, do nascer ao pôr-do-sol. Trata-se de uma iniciativa musical e poética promovida por elementos do grupo Novárvore para recordar o autor lousanense, que no dia 11 de fevereiro teria completado 100 anos.
O ato simbólico, a que se associam o filho, José Ricardo Almeida, e outros familiares do autor do livro “Poemas”, editado em 1955, realiza-se às 14:15, ao ar livre, no recinto da capela do Santo António, um dos pontos mais altos da Serra da Lousã, no concelho da Castanheira de Pera. Nos anos 70 e 80 do século XX, algumas dessas poesias eram declamadas nos espetáculos do duo Folhas Caídas, que depois deu lugar ao Novárvore, formação mais numerosa por onde passaram dezenas de artistas, incluindo o violinista Amândio Neves, falecido em 2006. Temas como “Canção da Lousã”, “Sant’ Antoninho da Neve” ou “Hino do Desportivo”, todos com letra de António Vítor, estavam muito esquecidos nessa época, acabando por ser reintegrados no gosto popular local com o contributo do Novárvore.
No mesmo local, às 10:30, a organização do Encontro dos Povos realiza um outro momento inovador de animação cultural: “Serra da Lousã – Histórias de encontrar!”. Entre a ficção e a realidade, sob o arvoredo, Aires Henriques fala da sua “Crónica de D. Juan – Senhor da Petrónia, de aquém e além Trevim, amantíssimo de Minerva”, sátira de sabor vicentino que o investigador de Pedrógão Grande acaba de publicar. De Tomar, vem o contador João Patrício para enriquecer a sessão, na qual os presentes são convidados a partilhar as suas histórias de um interior montanhoso que abrange concelhos dos distritos de Coimbra e Leiria, cujos habitantes têm atualmente, muitas vezes, ligações a diferentes regiões e países.
Amigos do ambiente e da preservação dos valores culturais da Serra são esperados no Encontro dos Povos, que se tem afirmado, desde 1997, como momento alto da fraterna convivência dos serranos de Lousã e Castanheira, mas também de Góis, Figueiró dos Vinhos, Miranda do Corvo e Pedrógão Grande.
Presente na organização desde a primeira hora, o Trevim apela à participação das pessoas numa das mais genuínas manifestações da montanha cantada por António Vítor, que morreu aos 50 anos, em 1968. O programa inclui ainda bailes e cantigas ao desafio, com tocadores de concertina e outros músicos, jogos tradicionais e partilha de farnéis.
A Câmara da Lousã disponibiliza um autocarro para levar e trazer pessoas, mediante inscrição prévia na secretaria-geral. Não é permitido o acesso de viaturas às áreas aprazíveis onde se comem os farnéis, nem a utilização de aparelhagens sonoras. Admite-se a venda de comes e bebes, além de produtos locais, como artesanato, mel ou plantas aromáticas.
No dia 14, todos ao Santo António!
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