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Editorial

Os vícios do costume, agora o IP3

José Luís Santos

Num volte face, o governo central deu indicações de que afinal o IP3 irá apenas ser alvo de obras de requalificação para parecer uma autoestrada, evitando o outro projeto, que iria ao encontro das populações mais a interior do território. Assim se poupam uns milhões, assim se contribui para a harmonização do défice e se faz boa figura perante as instituições internacionais, assim se passa a perna aos cidadãos, como quem lhes dá umas migalhas para encherem a barriga e se calarem. Os discursos proferidos há poucos meses sobre a construção da autovia pela margem sul do Mondego, que seria um investimento central para o desenvolvimento dos concelhos mais a interior, que se estenderiam desde Oliveira Do Hospital até à Lousã, uma empreitada fulcral para a nossa tão urgente e ambicionada alternativa à Estrada da Beira para Coimbra (caso a variante a EN 236 de Foz de Arouce aí desembocasse) ainda estavam pintados de fresco quando foram mandados para o lixo.

Contas feitas, ficamos na mesma, ponto (espera-se que não seja final). Contas feitas, uma vez mais fomos relegados para segundo plano, sentindo-nos portugueses de segunda perante a tutela. Os sucessivos executivos que governaram o país nas últimas décadas, caracterizados por uma avareza tão mal disfarçada no que diz respeito à criação de infraestruturas com vista a desenvolver o interior, numa passividade constrangedora de ficar a vê-lo desertificar-se e a tornar-se num eucaliptal, são os mesmos que gastaram rios de dinheiro a construir três autoestradas de norte a sul, lado a lado umas com as outras (A19/A8, A1 e A13), duas delas pelos vistos até muito pouco utilizadas. Não seria suposto haver uma melhor repartição do dinheiro dos nossos impostos, financiando uma região em que ainda há pouco tempo se chorava por todos aqueles que se sentiram abandonados pelo Estado? E será que a decisão foi apenas do governo central? Houve anuência por parte dos poderes políticos a nível local, seja de Coimbra ou dos concelhos visados? Terá havido algum acordo dentro de paredes, em detrimento do sacrifício dos interesses e direitos dos cidadãos? Não se sabe, de momento.

E que respostas dar perante esta decisão? É unilateral e irrevogável? Não haverá força, ou coragem política para estes concelhos erguerem uma voz uníssona em defesa daqueles que os os elegeram? Ou limitar-nos-emos a assistir a protestos de agenda? Esta será uma oportunidade perdida, e provavelmente as responsabilidades morrerão solteiras, naquilo que já poderemos antever como um remake da grande falácia que foi o projeto do Metro Mondego. Soa a algo que é mais do mesmo. É mais uma casca de banana que nos atiram para o chão e limitamo-nos a dizer “lá vou eu ter de cair outra vez”.

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Autor: Joaquim Seco

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